O filme Coreano Portrait of a Beauty entrou-me no coração para não mais sair. Verdade seja dita foi um tiro certeiro num escuro Australiano. Foi realmente necessário ir ao outro lado do mundo e descobrir uma obra, que não particularmente antiga, me estava completamente externa ao conhecimento. Apaixonada, volto a referir, pela invulgariadade quase bárbara da beleza mais simples. Não apenas da pureza do coração, mas na beleza rude, quase crua, da límpida desigualdade de sexos e no retrato labiríntico da guerra entre eles. O quase líquido nevoeiro da luz, a mesma luz que desenha as lágrimas no rosto de Shin Yoon-bok, a beleza transparente e nítida das constantes mutações de cada personagem, é tudo uma fossa de beleza onde eu me consolei em perder, e de onde eu por todo o filme bebi. Não há rotação tão absoluta como a da camera que não só capta, mas que é também personagem. Um pouco no aconchego da sua total omnipresença, mas também na sua capacidade de tradução de sentimentos. Uma obra verdadeiramente única, sombria, mas imensamente cheia de luz e beleza. Sincera, bruta, e tocante.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
Novamente, completamente rendida ao esplendor do movimento em série. Depois de extremas e cansativas tentativas, desgastantes diria até, finalmente apaixonei-me por Skins. É um pouco frustrante, admito, sair assim derrotada, depois de tanto tempo a tentar evitá-lo. Na mais simplista das descrições sobra apenas o olhar embasbacado perante magnífico elenco (tanto na primeira como na segunda geração) e a adoração fatalista, extremamente adolescente até, por aquele magnífico "british swearing". Fucking lads. De momento, e em vésperas de me embrenhar na terceira geração, sobra apenas uma grande-pequena raiva acerca do desfecho tremendamente patético da segunda geração. Spoilers à parte, pois claro.
Um ave a Chris, a Cook, a Sid e a Cassie. Preferidos, esplêndidos, totalmente magnéticos.
Um ave a Chris, a Cook, a Sid e a Cassie. Preferidos, esplêndidos, totalmente magnéticos.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Existe algo de tormentoso em Six feet Under. Algo de assustadoramente aborrecível, um aborrecível assustadoramente absorvente. Acho, talvez, que seja essa a principal razão por ter sucumbido a duas seasons em apenas uma semana. Uma semana algarvia, a denotar, cheia de sal e cansaço do sol. Continuo a sorver aquela falta de celeumas como se se tratasse de um requisito para o meu gosto pessoal. Não é, denoto novamente. Mas aqui sim, há algo de macabro na falta de euforia, no excesso do exotérico. Algo de apetecível.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Filmes que vi e revi este mês e selectivas meras avaliações, claro que sempre susceptíveis a alterações. Foi, como na maioria das vezes, um mês cheio do género terror, mas com algumas surpresas e claro com os nomeados para os óscares deste ano. Isto claro poderá parecer mais uma vez uma lista totalmente deslocada, mas cada género é um género e isto não é comparativamente uns com os outros, mas isoladamente de acordo com o seu género. Admito que eu claramente sou terrível a escolher filmes, mas no fim as classificações sempre o frustram, logo, "no damage done".
28 Days Later (2002), Danny Boyle 7,5/10
28 Weeks Later (2007), Juan Carlos Fresnadillo 6/10
[REC] (2007), Jaume Balagueró, Paco Plaza 7/10
Quarantine (2008), John Erick Dowdle 4/10
The Exorcism of Emily Rose (2005), Scott Derrickson 6/10
The Adjustment Bureau (2011), George Nolfi 2,5/10
The Black Swan (2010), Darren Aronofsky 7,5/10
The King's Speech (2010), Tom Hooper 9,5/10
The Next Three Days (2010), Paul Haggis 5/10
Jackass 3D (2010), Jeff Tremaine 4/10
The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe (2005), Andrew Adamson 7/10
True Grit (2010), Ethan Coen, Joel Coen 9/10
TRON: Legacy (2010), Joseph Konsiski 5,5/10
Alien (1979), Ridley Scott 8,5/10
Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (2008), Steven Spielberg 5,5/10
The Rite (2011), Mikael Håfström 3,5/10
Dawn of the Dead (2004), Zack Snyder 6,5/10
Book of Shadows: Blair Witch 2 (2000), Joe Berlinger 3/10
28 Days Later (2002), Danny Boyle 7,5/10
28 Weeks Later (2007), Juan Carlos Fresnadillo 6/10
[REC] (2007), Jaume Balagueró, Paco Plaza 7/10
Quarantine (2008), John Erick Dowdle 4/10
The Exorcism of Emily Rose (2005), Scott Derrickson 6/10
The Adjustment Bureau (2011), George Nolfi 2,5/10
The Black Swan (2010), Darren Aronofsky 7,5/10
The King's Speech (2010), Tom Hooper 9,5/10
The Next Three Days (2010), Paul Haggis 5/10
Jackass 3D (2010), Jeff Tremaine 4/10
The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe (2005), Andrew Adamson 7/10
True Grit (2010), Ethan Coen, Joel Coen 9/10
TRON: Legacy (2010), Joseph Konsiski 5,5/10
Alien (1979), Ridley Scott 8,5/10
Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (2008), Steven Spielberg 5,5/10
The Rite (2011), Mikael Håfström 3,5/10
Dawn of the Dead (2004), Zack Snyder 6,5/10
Book of Shadows: Blair Witch 2 (2000), Joe Berlinger 3/10
terça-feira, 6 de julho de 2010
Há uma certa magia, quando vemos Paul Newman e Robert Redford a dedilhar juntos um argumento grosseiramente consistente. Se são muito em separado, são um todo quando juntos, e mesmo na presença de um projecto constrangedoramente plausível e inteligente, tudo isso perde o sentido, quando enveredamos pela melodia visual da sua mecânica como dupla.
Em Sting, o monumento cinematográfico do seu tempo, temos a reunião da dupla; mas não é senão para mim uma fraude bem intencionada, onde se encontra na ligeireza, a chave do sucesso. Os acontecimentos merecem destaque temporal, e o crime é elevado ao seu estatuto humorístico, ao invés do gore, violência e do sangue.
Mas é Newman o filme, Newman e a surpresa conversão de estilo de George Roy Hill, oblíquo e vasto, supera os planos estáticos, e emerge com sedutora veia artística. Mas Newman, é Newman. E o brilho do filme, o seu desenlace estratégico advém da saudade de o termos no cinema internacional.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Penso que é com uma certa veneração que falo da fotografia do filme de Amenábar, The Others. Talvez seja de facto necessária tal perversa paciência de que tantas críticas falam, para se chegar ao final sem todo o filme soar a mediocridade, quando nem o final parece ser suficiente. Como encontrar na escuridão a mesma perversidade da paciência, do enclausurado, e também do dinâmico? Como a escuridão acaba por passar a sua negra língua, pela constante mutação das personagens, e como a banda sonora amansa até a mais amarga impaciência.
Os contrastes mais agudos absorvem os medos, os sustos, ou até a falta deles. Mas acho que é mesmo a fotografia de Javier Aguirresarobe que destaca a languidez, e a torna no temor quase mudo que o filme vai desfiando. Não será talvez disso que se trata a impaciência? Nessa proclamada secura desavergonhada do não ter paixão pelos contrastes, pela beleza, pelo movimento, mesmo no mais moroso e imutável?
Eu por mim, imagino-me a ter "impaciência" o suficiente para aprender a arte de transformar a escuridão em luz, e vice-versa. Porque mesmo quando temos as cenas fantasmagóricas e explosivas de luz, podemos sentir a densa névoa de escuridão.
Se essa arte não chega, talvez precisemos de trocar as câmaras por uma audiência.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Há qualquer coisa na intro do The Pacific que faz com quem seja das únicas aberturas que eu não ponha em fast forward. Parece de si só, magnânima de afigurações e contrastes com o que se sabe hoje, e o que se viveu ontem. É límpida, acompanhada de uma banda sonora no mínimo melancolicamente pura, e dura, e de Hans Zimmer. Não é senão um ponto, uma vírgula nas transposições dos abismos humanos, e das falhas na história, que se utilizam como o espremer de sociedades fatalistas. É assim, uma intro capaz só de si, de exceder expectativas, e fazer relembrar que somos, sem dúvida, devores uns aos outros de felicidades perdidas, realidades que magoam, das linhas traçadas.
sábado, 28 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
À partida sou uma fã incondicional de filmes de terror. Irrita-me de certa forma que o poder do coração sobressaltado (e bem sei que não é necessário ser de terror) seja tão incompetente no cinema mundial, tão fraco, tão previsivelmente caótico na sua margem narrativa. O misticismo da ilusão, da certeza ficcional, abala as contracções de esperar uma construção visual brilhante. Mas gosto da procura de espanto, de uma mão cheia de momentos inopinados, que esconder a mágoa de um género desvalorizado na sua mediocridade. Às vezes encontro em filmes escolhidos a dedo, uma margem menos fúnebre, um elo de ligação às origens e uma reviravolta minimalista na sua crítica adoptada. A fotografia do The Ring, encheu-me os olhos ontem. Tinha de denotá-lo.
sábado, 14 de novembro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
- I just wanna get Chloe off this island. - I just wanna get Chloe.
Surpreendida, deixo-me a saborear os prazeres do movimento em série. Sem pausas. Ari Schlossberg, escritor de Hide and Seek, o saboroso momento de Dakota Fanning, passa pela TVI no final da noite. Criou, de derivados momentos ocasionais, uma série constrangedoramente convincente e com um twist final autónomo de si. O elenco instantâneamente aceitável, e até bastante brilhante, conduz uma história familiar numa ilha haliêutica ao largo de Seattle. Harper's Island vale a pena a aposta, e Matt Barr também...no guiltiness.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Aponta; acertou em cheio
Delicioso; uma mistura constante de cores cheias de sentido nato. Cinco estrelas utópicamente reais, cheias de recantos por descobrir. Pixar, depois de Wall-E, mas Pixar que surpreende ainda assim. Nem Wall-E me encantou tanto, e se o fez foi apenas pela sua lição silenciosa. Às vezes a ausência de som é poderosa. Desta vez a explosão foi mais severa, menos eloquente. A gargalhada nos detalhes mais simples, a tristeza nos vincos da realidade. Apertou-me o coração, certo momento em Up. E cinema, em espectros meramente criados pela imaginação é ainda assim cinema; cinema é isto. É o contar da história, uma visão congelada. É aprender, e ensinar. É acima de tudo subir. Ave Pixar.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
a esperança atrás das costas
sexta-feira, 29 de maio de 2009
sábado, 16 de maio de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
Aproveitando o post do Knoxville, aqui, e o pressuposto assunto corrente da blogoesfera cinéfila, se há coisa que não entendo em si é a crítica á crítica de cinema. Arte majestosa, o cinema ergue-se como monumento que divide paixões. Sendo já em si uma quota parte de censura, a crítica não pode ser limitada por alvos comuns de bom senso; é apenas uma opinião ou tudo ou nada sincera, mas sempre pessoal.
Terá o seu tecer algo de imoral, algo de determinante no ponto de vista da exposição, dos spoilers, do peso que um projecto detém no seio da comunidade social? Não concordo, há contudo sim, críticos que o fazem conscientemente. Porém a crítica é apenas uma opinião estudada, não tendo de ser aceite como única ou correcta. Uma crítica não é linear. uma crítica é sempre um aparte.
Quem disse que o Titanic era "as spectacle, sets a new standard; as romantic drama, it's substandard", está bem está, espera que já lá vou.
Terá o seu tecer algo de imoral, algo de determinante no ponto de vista da exposição, dos spoilers, do peso que um projecto detém no seio da comunidade social? Não concordo, há contudo sim, críticos que o fazem conscientemente. Porém a crítica é apenas uma opinião estudada, não tendo de ser aceite como única ou correcta. Uma crítica não é linear. uma crítica é sempre um aparte.
Quem disse que o Titanic era "as spectacle, sets a new standard; as romantic drama, it's substandard", está bem está, espera que já lá vou.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Full of grace, on his dark materials
Fantasia abomina-se em ideais extremamente morais. Mas eu gosto de profecias assim, em que um corpo pequeno, com a sua alma, será capaz de salvar o mundo, e todos os outros. Lyra escreve direito por linhas tortas; traquina, severa, com os seus ideais bem assentes num corpo de menina pequena, ela é capaz de mudar o mundo de facto e apenas com a sua amizade e o seu sorriso. Philip Pullman e a sua escrita fantástica deveriam ser emancipados da simplicidade incoerente a que são normalmente relacionados; poderia ser muito melhor, mas a verdade é que não precisa de o ser. Ânsia pelos restantes títulos da saga, uma ânsia serena, infantil. Mas uma ânsia que merece consolo.
terça-feira, 7 de abril de 2009
quarta-feira, 1 de abril de 2009
5. The Darjeeling Limited
Único, totalmente utópico, e no entanto magistralmente simples e nu. Criei empatia com este projecto, como com poucos ao longo do ano, e de anos mais recentes. Tentei rejeitá-lo, mas nem mesmo sem o ver o consegui. Houve sempre como que um chamamento inconsequentemente inconsciente, que me rodeou, me atraiu. Um irmandade, uma união, uma comemoração eloquente e psicológica. Não dá para esquecer aquelas cores, que nos levam ao epicentro da beleza natural.
Único, totalmente utópico, e no entanto magistralmente simples e nu. Criei empatia com este projecto, como com poucos ao longo do ano, e de anos mais recentes. Tentei rejeitá-lo, mas nem mesmo sem o ver o consegui. Houve sempre como que um chamamento inconsequentemente inconsciente, que me rodeou, me atraiu. Um irmandade, uma união, uma comemoração eloquente e psicológica. Não dá para esquecer aquelas cores, que nos levam ao epicentro da beleza natural.
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