quinta-feira, 12 de junho de 2008

Control, de Anton Corbijn

Enquanto música ressoa, quente e deliciosa, poesia destila-se nos poros, na retina, na alma. Narração perfeita de uma alma esquecida pelo entardecer prematuro da sua chama, Control é o renascimento do cinema no seu estado mais puro, ardente e verdadeiro. E é mais que retrato, é vivência, é memória.

Gosto de música, mas não a procuro como procuro ao cinema. Mas depois de Control, os Joy Division ficaram marcados, e percorreram-me durante dias as lembranças, e as coisas bonitas e tristes que me assolam sempre, todos os dias na alma que porto e sou. Como uma banda sonora.

Anton Corbijn maestro desta vivência exarcebada, aborda a solidão, o descontrolo e a morte como se estivessem emersos numa beleza eterna, como se o mundo se perdesse na brusquidão do desconsolo e da aura pesada, e se o medo formasse equilíbrio com o êxito.

Melancolia e euforia conjugam-se, preto no branco, branco no preto, e Control ergue-se como uma obra-prima relevante do cinema contemporâneo. Não só para aqueles que procuram cinema mais alternativo, não só para aqueles que procuram uma biografia, não só por aqueles que sendo fãs dos Joy Division não o podem evitar; mas para aqueles que tiram da tristeza o rumo incerto da vida, ou da melancolia a força para continuar. Esta não é a história de uma banda, é o relato da imagem de alguém que morreu de amor aos 23 anos.

É bonito cinema assim. Se algum dia fizer cinema, quero-o fazer desta maneira.


Control, UK/USA, 2007. Realização: Anton Corbijn. Fotografia: Martin Ruhe. Com: Sam Riley, Samantha Morton, Alexandra Maria Lara. *****

2 comentários:

  1. Um dos meus favoritos do ano passado, gostei das tuas palavras em relação ao filme e gostei mais ainda que depois de o ver tenhas ido ouvir mais e mais da sua música :)

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  2. loot, sim tocou-me a alma este Control. E os Joy Division fazem parte da minha playlist agora! :)

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