Acho que o verdadeiro problema de Shyamalan, um dos meus realizadores de eleição diga-se, é a habituação que criou a trazer-nos bom cinema. Cinema que nunca deixando de ser pessoal, é quase na sua maioria aceite apenas por determinadas pessoas. Mas é sempre um risco enorme esperar-se projectos magníficos com o tipo de cinema de Shyamalan, ou pelo menos projectos que não podem desiludir.
The Happening teve uma publicidade cuidada e intensiva, numa altura em que estão tantos outros projectos tão esperados ao dobrar da esquina. Depois do fracasso a nível de bilheteiras que foi The Village e Lady in the Water, mas com os admiradores a crescerem por detrás desses números, Shyamalan tornou-se num realizador difícil de classificar.
Conhecido pelos twists e pela inteligência dos argumentos, tanto como a sua originalidade, Shyamalan desfia este The Happening de maneira mais serena, numa caminhada breve pela moralidade e sobrevivência humanas.
Com o revoltar da natureza a sobrevivência humana está por um fio, e ao invés de nos mantermos juntos, a descoberta é que sozinhos sobreviveremos mais tempo. Depois deste esclarecimento, Shyamalan pouco ou nada mais nos dá. As personagens tão pouco desdobradas, e o relacionamento entre elas tão seco e sem dimensão, faz com que o mais importante fique pelo caminho.
Mas há sempre magia nos planos e nos movimentos de câmara, há sempre uma magnificência na relação da câmara com o retratado, e há sempre uma imagem limpa e pura no cinema de Shyamalan. Que não deixa dúvidas para a qualidade dos seus projectos, ou para o respeito que se tem de se ter ao se falar deles.
No final dei por mim a chegar a casa, e a abraçar todas as árvores do meu lado do passeio, e a pedir desculpa por nós sermos como somos, mas acima de tudo por ser a arte que nos faz aperceber dos erros e não a memória do que foi e já não será. Penso apenas que este é o seu olhar crítico, que o poder e a mestria de trabalhar com a câmara salvam e entregam. Mas talvez lhe tenha faltado o sexto sentido desta vez, para nos trazer um projecto brutalmente brilhante e único a que nos tem habituado.
The Happening, USA/India, 2008. Realização: M. Night Shyamalan. Fotografia: Tak Fujimoto. Com: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, Betty Buckley, John Leguizamo, Ashlyn Sanchez. ***
The Happening teve uma publicidade cuidada e intensiva, numa altura em que estão tantos outros projectos tão esperados ao dobrar da esquina. Depois do fracasso a nível de bilheteiras que foi The Village e Lady in the Water, mas com os admiradores a crescerem por detrás desses números, Shyamalan tornou-se num realizador difícil de classificar.
Conhecido pelos twists e pela inteligência dos argumentos, tanto como a sua originalidade, Shyamalan desfia este The Happening de maneira mais serena, numa caminhada breve pela moralidade e sobrevivência humanas.
Com o revoltar da natureza a sobrevivência humana está por um fio, e ao invés de nos mantermos juntos, a descoberta é que sozinhos sobreviveremos mais tempo. Depois deste esclarecimento, Shyamalan pouco ou nada mais nos dá. As personagens tão pouco desdobradas, e o relacionamento entre elas tão seco e sem dimensão, faz com que o mais importante fique pelo caminho.
Mas há sempre magia nos planos e nos movimentos de câmara, há sempre uma magnificência na relação da câmara com o retratado, e há sempre uma imagem limpa e pura no cinema de Shyamalan. Que não deixa dúvidas para a qualidade dos seus projectos, ou para o respeito que se tem de se ter ao se falar deles.
No final dei por mim a chegar a casa, e a abraçar todas as árvores do meu lado do passeio, e a pedir desculpa por nós sermos como somos, mas acima de tudo por ser a arte que nos faz aperceber dos erros e não a memória do que foi e já não será. Penso apenas que este é o seu olhar crítico, que o poder e a mestria de trabalhar com a câmara salvam e entregam. Mas talvez lhe tenha faltado o sexto sentido desta vez, para nos trazer um projecto brutalmente brilhante e único a que nos tem habituado.
The Happening, USA/India, 2008. Realização: M. Night Shyamalan. Fotografia: Tak Fujimoto. Com: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, Betty Buckley, John Leguizamo, Ashlyn Sanchez. ***
Uma boa merda.
ResponderEliminarMadita febre pós-colonialista que assolou o Ocidente permitindo que esses moralistas e fundamentalistas de pele parda e cheirando a incenso ganhassem nossas vidas.
O filme é uma aula de moralismo. Ora, porque as pessoas se matariam senão por uma vingança da natureza? Reificada como presença da divindade desde Sto. Agostinho e tida como lugar de puerilidade intocada e virgem do humano em Rosseau, é ela a mãe Gaia que vem reverter as imposições da 'cultura' e da lei do humano, esse degenerado do novo milênio.
Enfim, uma baboseira patética. A contraposição final do casal bonzinho, os heróis protagonistas do filme tendo um bebê, frente ao casal gay castigado pela natureza rebelde é no mínimo fascista.
Fascismo indiano. Enfim, gases, poluentes, agrotóxicos, silicones, provetas, gays e células tronco, e a fúria da natureza contra a subversão do simbólico universal constituído numa ancestralidade natural! Que medo! Lembra as coisas que li de Tylor à Freud, passando por Montaigne, Lévi-Strauss e Dalai Lama.
Odiei o filme.
Eu adorei o filme, e em relação aos planos de suspense a lembrar Hitchcock é preciso dizer alguma coisa? Já não vejo cinema assim há muito tempo.
ResponderEliminar:)
Acho que o anonimo se enganou no filme.. Casal Gay?..
ResponderEliminarNum intendi.
Kiss