sábado, 15 de março de 2008

La Môme, de Olivier Dahan

Escrever sobre La Môme, ou mais frequente reconhecido como La Vie en Rose, vai-me ser complicado. Mais do que o habitual.

Ainda não consegui desenvasilhar a minha opinão sincera sobre esta obra de Dahan, porque ainda não me apercebi se gostei dela por tudo ou pela magnífica, já nem sendo necessário referir, representação de Marion Cotillard, e apenas por ela.

La Môme, como biografia que é, não apresenta grande versatilidade porque há um fim que já se conhece, e um desfiar de acontecimentos que, se não sabidos de cor, são reconhecidos por grande parte da plateia, fans de Piaf ou não.

Enquanto retrato, La Môme, é perfeito. Enquanto projecto cinematográfico já sinto algumas saliências, que não sendo tão grandes assim, têm um odor a dúvida. Por vezes confuso, o filme aconchega planos sinceros e realistas, mas há uma dor sempre presente que penso não ter ajudado à descoberta de uma vida que sempre se registou como magnífica.

Assim sendo, pelos limites oferecidos, Marion Cotillard fez a representação de uma vida. Mas Dahan, não apresentou um projecto que marque a alma pela positiva. Em todo o filme senti morte, pena, e tristeza a formar-se dentro de mim, e apesar de acreditar que tudo isso fez parte da lenda que Edith Piaf se foi tornando desde as ruas de Paris, até hoje, 45 anos após a sua morte, penso que a obscuridade e a sua alma atrás dos palcos merecia, em homenagem, um pouco mais de luz e a sua voz um pouco mais de omnipresença.

Mas este projecto de ambicioso torna-se magnífico; apesar de ter as suas falhas nem uma foi marcada por Cotillard, que foi merecedora do Oscar sem sombra de dúvida (aliás deveria, se tal fosse possível, ser nomeada por 50 anos pelo seu papel que aqui foi eterno e fantástico). Um pouco mais da era e da cultura em que foi criada poderiam também entregar muito valor ao filme de Olivier Dahan. Mas ele tornou poesia, a alma e vida de uma poeta. E isso importa demasiado.

"Nothing existed before you. It's all gone."

La Môme, France/UK/Czech Republic, 2007. Realização: Olivier Dahan. Fotografia: Tetsuo Nagata. Com: Marion Cottilard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Gérard Depardieu. ****




2 comentários:

  1. Estive para fazer uma crítica ao filme e deparei-me exactamente com o mesmo problema...acabei por desistir.
    A interpretação da Marion Cotillard foi tão brilhante que me distraiu completamente de tudo o resto. Acho que só quando vir o filme novamente é que vou poder dar uma avaliação…até lá são 5 estrelas para Marion.

    Cumprimentos!

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  2. Pois é johnny boy. É extremamente complicado fazer a crítica. Também tenho de o ver outra vez rapidamente, mas entretanto fica registada a primeira impressão com que fiquei da primeira vizualizão. Talvez na altura, se achar apropriado falarei novamente de todo o filme. Até lá mantenho-me completamente em estado de choque com Marion Cottilard. Em choque, sim.

    Obrigada pela visita!
    Um beijinho :)

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