Cloverfield poderia ser uma enorme metáfora. Numa noite, como tantas outras, um monstro, como Godzilla já o fez há alguns bons anos atrás, ataca Nova Iorque. Com um visual que acaba por ser, apesar de tão realista, extremamente eficaz, é a prova que a geração Youtube se apoderou por sua vez de Hollywood. Como Godzilla, na sua versão dos anos 50 personificava a segunda grande guerra e o terror da bomba atómica, a produção de J.J. deste novo século representa o 11 de Setembro e a guerra que ainda hoje se trava, bem como os fantasmas que ainda hoje assolam tantas almas em todo o mundo.
O retrato do fim do mundo na perspectiva de um grupo de adolescentes, que o registam por mero acaso, é o mais delicioso. É acima de tudo a ideia chave que suporta um projecto ambicioso que resulta de todas as formas possíveis e imaginárias, mesmo admitindo os seus erros que são, na minha opinião, uma mais valia.
Imagino as dificuldades que foram superadas pelo estilo usado e pelas tantas outras milhares que apareceram por essa mesma causa. Mas na verdade Cloverfield tornou-se logo desde os primeiros minutos e desde as primeira explosões um dos meus filmes de terror preferidos e uns dos mais bem sucedidos de sempre.
Na verdade o impacto que Cloverfield teve em mim foi uma experiência única. Nunca tantos batimentos cardíacos em meio minuto me fizeram sorrir como no dia em que me pus numa sala de cinema e experienciei tanta adrenalina, vertigem e acima de tudo inteligência em tornar versáteis características que noutras situações não o seriam nunca. Com o pânico que ouvimos, e acabamos também por ver, durante 90 minutos, a correria e o facto de nem por um momento a câmara estar fixa, os relances de algo sobrenatural a meio metro acima de nós (sim porque nós estamos irrefutavelmente lá), fizeram de Cloverfield uma das melhores aberturas de ano que eu já experienciei cinematográficamente.
Enquanto que muitos poderão achar a experiência angustiante, outros apanharem, como eu li algures "motion sickness", por mais que existam proclamação de desilusão nas opiniões de espectadores em todo o mundo, Cloverfield não será esquecido porque marcou a pele. Quando saí da sala de cinema fiz uma promessa a mim mesma - Nunca mais saias de casa sem a tua máquina de filmar. Nada foi mais assustador que sabermos ver mais que as próprias personagens, não porque isso é o que acontece normalmente em qualquer filme que faça uso de steadicams, mas porque acabamos inevitavelmente por desejar não ver nada como eles, e correr, correr no escuro de um metropolitano que nunca, e mesmo eles o sabem, os (nos) levará para qualquer lugar seguro.
J.J. Abrams apostou como um sábio e Matt Reeves (re)criou terror como um mestre.
"People are gonna want to know... how it all went down."
Cloverfield, USA, 2008. Realização: Matt Reeves. Fotografia: Michael Bonvillain. Com: Michael Stahl-David, Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J. Miller. ****
O retrato do fim do mundo na perspectiva de um grupo de adolescentes, que o registam por mero acaso, é o mais delicioso. É acima de tudo a ideia chave que suporta um projecto ambicioso que resulta de todas as formas possíveis e imaginárias, mesmo admitindo os seus erros que são, na minha opinião, uma mais valia.
Imagino as dificuldades que foram superadas pelo estilo usado e pelas tantas outras milhares que apareceram por essa mesma causa. Mas na verdade Cloverfield tornou-se logo desde os primeiros minutos e desde as primeira explosões um dos meus filmes de terror preferidos e uns dos mais bem sucedidos de sempre.
Na verdade o impacto que Cloverfield teve em mim foi uma experiência única. Nunca tantos batimentos cardíacos em meio minuto me fizeram sorrir como no dia em que me pus numa sala de cinema e experienciei tanta adrenalina, vertigem e acima de tudo inteligência em tornar versáteis características que noutras situações não o seriam nunca. Com o pânico que ouvimos, e acabamos também por ver, durante 90 minutos, a correria e o facto de nem por um momento a câmara estar fixa, os relances de algo sobrenatural a meio metro acima de nós (sim porque nós estamos irrefutavelmente lá), fizeram de Cloverfield uma das melhores aberturas de ano que eu já experienciei cinematográficamente.
Enquanto que muitos poderão achar a experiência angustiante, outros apanharem, como eu li algures "motion sickness", por mais que existam proclamação de desilusão nas opiniões de espectadores em todo o mundo, Cloverfield não será esquecido porque marcou a pele. Quando saí da sala de cinema fiz uma promessa a mim mesma - Nunca mais saias de casa sem a tua máquina de filmar. Nada foi mais assustador que sabermos ver mais que as próprias personagens, não porque isso é o que acontece normalmente em qualquer filme que faça uso de steadicams, mas porque acabamos inevitavelmente por desejar não ver nada como eles, e correr, correr no escuro de um metropolitano que nunca, e mesmo eles o sabem, os (nos) levará para qualquer lugar seguro.
J.J. Abrams apostou como um sábio e Matt Reeves (re)criou terror como um mestre.
"People are gonna want to know... how it all went down."
Cloverfield, USA, 2008. Realização: Matt Reeves. Fotografia: Michael Bonvillain. Com: Michael Stahl-David, Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J. Miller. ****
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