Um filme que começa com coração cativa-me quase sempre. Acho que os primeiros minutos que expõem uma premissa são cruciais, dão oportunidade a que haja uma metamorfose mais bonita e consistente, e dão valor ao intimismo que uma obra revela. Gone Baby Gone começa de uma forma bonita, com voz off de uma voz que vai já sendo habitual em produções de valor, e com uma série de planos que envergonhariam os melhores.
A verdade é que Ben Affleck conseguiu um filme neutro mas importante, um retrato habitual de uma sociedade com os valores errados, das brusquidões do coração humano, e das suas mesmas capacidades, necessidades e desejos. Não é o exposto que se sobressai, é ser quem o faz e como o faz.
Casey Affleck, que vai construindo a sua própria escada que o tornará num titã, oferece mais uma vez a potência e impotência que a sua personagem consome, sem nunca vacilar nos sentimentos que oferece. Ed Harris e Morgan Freeman as caras mais conhecidas no novelo que Ben Affleck teceu como forma de retratar a moralidade humana, foram fantásticos, com destaque para Harris. Amy Ryan, única nomeada para um Oscar, no entanto, teve uma oportunidade magnífica de se fazer sentir. E fez. Toda ela é um cena de terror. A simplicidade de ser vulgar tornam-na imortal em Gone Baby Gone, com magnificiência.
Ben Affleck foi assim a maior (e melhor) surpresa dos últimos tempos. A sua mestria atrás das câmaras quase eclipsou as representações a que nos foi habituando ao longo do sua carreira. Não é novo que um actor percorra um caminho que o leva à realização, mas é menos corrente que este, na sua estreia, se baptize com um filme que se torna desde logo uma parte importante do cinema moderno.
Se ao longo do filme, confusão apareça, é um ponto a favor, por ser um fotografia realista e apenas por isso. Affleck é magnífico a criar o ambiente necessário, a tactear o desespero, a revolta e a solidão com as suas faces mais duras e negras. Há sempre uma direcção tomada, e nunca esse caminho é alcançado por atalhos.
Porque como em todos os filmes do género, há um final completamente omitido e perverso da narrativa a que os primeiros 90 minutos de filme nos foram habituando. Mas isso não é o que se sobressai. É como o faz. Affleck resumiu tudo a uma questão de mood. A maneira como a melancolia embate na moralidade, e a maneira como a figura de Patrick a arrasta como um perfume. O filme é negro, tanto literalmente como metaforicamente.
No fim divide-me. Não sei se deveriam haver mais filmes como este, ou menos.
"I always believed it was the things you don't choose that makes you who you are."
Gone Baby Gone, USA, 2007. Realização: Ben Affleck. Fotografia: John Toll. Com: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, Amy Ryan. ****
A verdade é que Ben Affleck conseguiu um filme neutro mas importante, um retrato habitual de uma sociedade com os valores errados, das brusquidões do coração humano, e das suas mesmas capacidades, necessidades e desejos. Não é o exposto que se sobressai, é ser quem o faz e como o faz.
Casey Affleck, que vai construindo a sua própria escada que o tornará num titã, oferece mais uma vez a potência e impotência que a sua personagem consome, sem nunca vacilar nos sentimentos que oferece. Ed Harris e Morgan Freeman as caras mais conhecidas no novelo que Ben Affleck teceu como forma de retratar a moralidade humana, foram fantásticos, com destaque para Harris. Amy Ryan, única nomeada para um Oscar, no entanto, teve uma oportunidade magnífica de se fazer sentir. E fez. Toda ela é um cena de terror. A simplicidade de ser vulgar tornam-na imortal em Gone Baby Gone, com magnificiência.
Ben Affleck foi assim a maior (e melhor) surpresa dos últimos tempos. A sua mestria atrás das câmaras quase eclipsou as representações a que nos foi habituando ao longo do sua carreira. Não é novo que um actor percorra um caminho que o leva à realização, mas é menos corrente que este, na sua estreia, se baptize com um filme que se torna desde logo uma parte importante do cinema moderno.
Se ao longo do filme, confusão apareça, é um ponto a favor, por ser um fotografia realista e apenas por isso. Affleck é magnífico a criar o ambiente necessário, a tactear o desespero, a revolta e a solidão com as suas faces mais duras e negras. Há sempre uma direcção tomada, e nunca esse caminho é alcançado por atalhos.
Porque como em todos os filmes do género, há um final completamente omitido e perverso da narrativa a que os primeiros 90 minutos de filme nos foram habituando. Mas isso não é o que se sobressai. É como o faz. Affleck resumiu tudo a uma questão de mood. A maneira como a melancolia embate na moralidade, e a maneira como a figura de Patrick a arrasta como um perfume. O filme é negro, tanto literalmente como metaforicamente.
No fim divide-me. Não sei se deveriam haver mais filmes como este, ou menos.
"I always believed it was the things you don't choose that makes you who you are."
Gone Baby Gone, USA, 2007. Realização: Ben Affleck. Fotografia: John Toll. Com: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, Amy Ryan. ****
Mais, muitos mais. Ainda hoje penso o que faria na situação do protagonista principal. E quando um filme bate assim...
ResponderEliminarBeijinhos ;)