sábado, 20 de outubro de 2007

Inside Man, de Spike Lee

Inside Man foi um dos inúmeros policiais norte-americanos que nos apareceram à porta, com enorme alarido e propaganda provinda de um elenco de morte. No entanto é crucial afirmar que se prezou pela coragem de quem se arrisca a cair no tédio de não trazer nada de novo e pela genialidade de conseguir trazer muito mais que isso.

Spike Lee conseguiu em boa verdade trazer aos amantes do cinema um policial interessante e extremamente inteligente, onde se destacam os planos de realização e o elenco fervente que nunca ninguém pensaria poder contracenar com tanto equilíbrio.

É a procura do assalto perfeito que fazem as maravilhas desta realização onde é complicado apontar falhas, e onde o sentimento raquítico e paranóico do pós-11 de Setembro se ironiza perfeitamente numa sociedade Nova Iorquina.

O facto de Lee enveredar por novos campos da realização, contornando o seu optar por realizações mais alternativas, e ao dar-nos esta bastante mais comercial, contribui largamente para a curiosidade que nasce exactamente no poderoso elenco, elenco esse que acaba por ser uma das mais valias do cinema, no meio de poucas mais a acrescentar.

No entanto Jodie Foster conseguiu desiludir-me bastante, pois tendo que representar o papel de uma mulher portadora de uma aura fria e céptica só me deu o sentimento que entrara na sua fase de declínio, o que talvez não seja assim tão verdade (mas que nem o filme que viria mais tarde, Flightplane, me fez desacreditar esse sentimento), o que não lhe calhou nada bem na minha visão, que a detinha como das grandes potências da sétima arte.

Clive Owen, por outro lado tem vindo a soltar faíscas em cada participação, ganhando terreno; nesta obra de Spike Lee é o diamante bruto repleto de ironia e sarcasmo que magoa quem simplesmente enveredar pelo perigoso caminho da audição, que joga na verdade com a beleza do seu soberbo accent. Quando a Washington, nada há a dizer. Maravilhosa é a sua carreira, e continuará a ser.

Assim pode-se dizer que Inside Man é um filme que vale a pena ver, mas sem esperar que seja magnífico ao ponto de se tornar um clássico. Os buracos, esses sim, são muitos deles clássicos e visíveis até a cinéfilos amadores como eu. Deixemos grandes classificações para quem ao invés de focar um bom orçamento focar o desejo de fazer bom cinema.

Secalhar assim valerá mais a pena.

"My bite is much worse than my bark."


Inside Man, USA, 2006. Realização: Spike Lee. Fotografia: Matthew Libatique. Com: Denzel Washington, Clive Owen, Jodie Foster, Christopher Plummer, Willem Dafoe. ***

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