Passei esta minha semana toda entregue aos bastidores de uma das melhores realizações cinematográficas algumas vez criadas, a trilogia de Tolkien, e com quase toda a certeza a melhor por ficar durante muito tempo, e isso só veio a aprofundar esta minha paixão que nasceu numa sala de cinema há seis anos atrás.
É maravilhoso encontrar a fonte de uma paixão imensa, assim desta maneira, alguns pesados anos depois de a proclamar. Porque sim, tinha aquela inclinação de saber o elenco de um determinado filme quando mais ninguém o sabia, e de em segredo ler as revistas Prémiere da minha irmã quando não tinha nem uns oito anos. Mas este sentimento de que queria fazer do cinema a minha vida passou a correr-me das veias ao coração com a estreia do trabalho de Jackson.
Por isso quando primeiro li do problema entre Peter Jackson e a distribuidora dos filmes de The Lord of the Rings, enconhi-me em curiosidade e tentei desde logo aperceber-me da profundidade da situação.
Bem, pode-se dizer que é um fosso que ao parece até agora não tem fundo á vista, ou fim possível, e portanto pode-se dizer ser de facto bastante grave. E o pior são os problemas que advém e que podem não só afectar a vida financeira do meu role model, como também a qualidade de cinema que nos chega às salas.
Ao que parece The Hobbit não nos vai ser entregue pela mão do mestre dos anéis se este problema se arrastar por muito mais tempo, e no entanto a situação continua pendente e as respostas para o público parecem quase nenhumas.
No entanto de vez em quando lá aparecem títulos como "New Hope for Jackson Hobbit Film?", ou "One "Rings" penalty to rule them all" ou outros mais arrojados e mais em tom de sátira como "Peter Jackson and New Line to Kiss and Make Up?", que nos deitam à mão umas quantas informações que, e com o perigo de serem totalmente falsas e infundamentadas ainda assim, e muito mais ultimamente, nos deixam crescer uma esperança no peito.
Eu vejo-me como um daqueles guerreiros Uruk-Hai que perseguiam a perversidade da mão branca de Saruman ao perseguir este sonho enorme de ver todos os livros alguma vez escritos por Tolkien realizados e produzidos por Peter Jackson. Mas dentro da aceitação que nem o próprio Jackson se vê a pegar sequer no Silmarilion (que deveria ser eventualmente aquele em que se pegaria a seguir ao The Hobbit), espero ardentemente que toda esta situação se resolva pelo melhor e que Jackson se ponha em Wellington rapidamente para que pelo menos em dois anos possamos ver Bilbo Baggins em acção.
De qualquer maneira, e como eu me iniciei a dizer, há muito que isto deixou de ser acerca de dinheiro. Começou sim com um equívoco financeiro, em que ao que parece Jackson afirmou que mais do 100 milhões de dólares lhe faltavam no bolso com a estreia do primeiro filme da saga, por direitos estarem fechados à equipa de produção. Ao que parece a New Line afiou as garras contra o processo judicial aberto por Jackson, e mostrou-se de sentimentos feridos ao afirmar que não iria entregar um projecto a um homem que os estava a processar, por muito que no fundo o respeito fosse exarcebado e imenso pelo trabalho até ai feito.
Portanto assim estamos, enquanto a New Line e Jackson fazem as suas visitas regulares ao tribunal, nós temos de nos ir contentando com informações incertas e um período de tempo que não parece acabar até que finalmente possamos ler "Jackson is bringing Gollum back!".
No entanto não gostei do que li num arquivo intitulado "The Lawsuit of the Rings" publicado no The New York Times em Agosto, onde se poderá ler que um dos porta-voz da New Line afirma:
Peter Jackson is an incredible filmmaker who did the impossible on 'Lord of the Rings,' " this lawyer said. "But there's a certain piggishness involved here. New Line already gave him enough money to rebuild Baghdad, but it's still not enough for him.
A meu ver o que eles querem com isto dizer é que sim, Peter Jackson é maravilhoso como profissional mas que ao ser um profissional de sucesso, e por ser um maníaco milionário que tem recursos mais que suficientes para tirar Bagdad da guerra (queriam eles com isto dizer reconstruir famílias também que os Estados Unidos destruiram?), poderia eventualmente contentar-se com os milhares e não querer milhões. Não é já isto uma questão de perseguir um ideal, de combater o que está errado bem à maneira da Idade Média e não uma questão de somar algumas parcelas na conta bancária? Não, o ideal era Jackson vencer esta guerra como a guerra do anel foi vencida pelos bons. Afinal um homem que diz no final da sua experiência como realizador e produtor da trilogia que o que é realmente bom de se tirar destes quase 8 anos que se deram aos três projectos é a inspiração que se oferece a futuros filmmakers, passa de um realizador fantástico a uma criatura que tem sem sombra de dúvida, nem mesmo vinda de Mordor, a furnalha do Mount Doom no coração. E o The Hobbit tem de vir das suas mãos pesadas, dos seus calções e pés descalços, do cabelo desgrenhado e dos óculos enormes. Tem de vir dele, tem de ser.
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