quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Garden State, de Zach Braff


Garden State
foi um dos filmes mais marcantes que vi nos últimos anos. Saído em escassas salas de cinema Portuguesas em 2004, foi visto por mim por um mero acaso que eu abençoei até hoje. E assim que saiu em DVD, o DVD era meu.

Isto para tentar planificar um pouco a beleza que eu vejo nesta produção, e para tentar também racionalizar tudo o que eu sinto cada vez que imagino Sam (Natalie Portman) em frente a uma lareira apetecível a mentir compulsivamente mas de uma maneira totalmente inofensiva, quando muito mais recentemente a vimos em Closer semi-nua, ou Zach Braff capaz de se apaixonar sem complexos absurdos ao contrário do que acontece em Scrubs, que é na verdade na minha opinião uma das melhores comédias em série alguma vez criadas.

Na verdade, nós expectadores somos capazes até de sentir o turbilhão de emoções que Andrew Largeman (Braff) vai expondo ao longo da narrativa, desde a sua dor perante a perda da mãe que é ainda assim tão camuflada pelo seu vício de comprimidos, até ao amor que o quase esfola vivo de tão imaturo e inocente que sente tão previsivelmente por Sam. E claro foi nada mais nada menos que o acaso que os fez encontrarem-se. Clássico, mas um clássico maravilhoso.

Todo este filme de Zach Braff, em que é ele quem escreve, realiza e representa, é uma caracterização de inocência pura que nos cega de amor próprio e nos faz abraçar o destino de cada personagem como se abraçássemos quem mais amamos. Porque nós nos apaixonamos por eles, e por toda este entrega que Braff nos faz a nós. Ele entregou-nos amor na forma de cinematografia.

É impossível poder esqueçer toda a existência de Sam, e aqui Portman está soberba, revestida a ouro que lhe é confortável, a ela e a nós, ouro que é nada mais nada menos que beleza genuína, por fora e por dentro. Braff é prata, e essa prata é uma pena inicial que sentimos pelo seu destino, mas que sofre metamorfose numa coisa muito mais grandiosa: a desistência de um "eu" para se tornar num "eu contigo". Acabamos por desejar, no final sermos todos uma Sam. Não consigo apagar a imagem de Portman a dançar no seu quarto de forma que a faça ser especial e única, fazendo algo que mais ninguém fez, ou o facto de Braff encarnar uma pessoa que não sabe nadar. Tudo isso faz-nos sorrir e lançar gargalhadas de compaixão. E apaixona-nos.

E não falando apenas da representação de Natalie Portman e de Zach Braff posso ainda estender o meu aplauso e o meu sorriso grandioso a Peter Sarsgaard pela sua amizade absurda e quase cruel, e a Ian Holm pela sua presença de valor incontornável.

A banda sonora é soberba, e as paisagens e a fotografia do filme são de chorar por mais, e mais, e mais. É um daqueles filmes que só queremos que acabe, porque sabemos que vai acabar bem e não interessa mais nada. E se acabar, our dreams can start.

Este é um filme que é, arrisco dizer, obrigatório ver. É uma das provas que bom cinema pode ser feito com low budgets e menor liberdade orçamental, e com presença de actores que na altura eram quanto muito, secundários.

Se eu primeiramente soubesse que o criador desta obra-prima fosse alguém que até então nada tinha realizado ou escrito (à excepção de uma curta em 1997) então não teria acreditado. Zach mostra do que é capaz, não pelas gargalhadas que oferece com Scrubs mas pela sua criação deste filme independente, que tristemente é conhecido por tão poucos.

Este filme é de uma brutalidade interminável. A simplicidade e a genuinidade são as palavras-chave deste filme. E claro, amor.

"What's the word that's burning in your heart?"

Garden State, USA, 2004. Realização: Zach Braff. Fotografia: Lawrence Sher. Com: Zach Braff, Natalie Portman, Ian Holm, Peter Sarsgaard. ****

6 comentários:

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  2. O Garden State sempre me encantou. À medida que vou cresceno, vou revendo o filme e revendo-me nele. Foi como um crescimento antecipado, um aviso murmurado. É engracado como quando o Large diz à Sam que I've got a buzz going. And I like you. So there's that. I guess I've got that eu baixo sempre os olhos como ela, naquele sorriso.

    Gosto de ler o teu blog. Acabo por nunca me atrever a escrever sobre cinema.

    Rita.

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  3. Se gostares de escrever sobre cinema, aventura-te! Não há nada melhor que escrever sobre o que mais gostamos. Vai em frente. Set it free!

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  4. Apodera-se de mim uma certa gaguez quando escrevo sobre cinema. Ou isso ou escrevo textos desconexos que só eu provavelmente entenderia. Enfim :)

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  5. One of my faves, you know that.

    Quarteto rula!

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