sábado, 1 de novembro de 2008

Poderá a bela não amar o monstro?

Na calmaria da respiração, do suspiro, Fur completa-se. Será a beleza um dos traços imprescindíveis ao amor à primeira vista? Ou será que é possível a paixão surgir na margem que existe, nos centímetros que separam duas pessoas que se contemplam a primeira vez?

Em Fur nada se espera mais que um final expectante e confuso; uma alegoria constante ao amor, uma alegoria à descoberta. E a obscuridade da beleza, que é emersa na alma humana e não na sua pele, desfia um conto de amor contemporâneo, quase eloquente.

Ver Nicole Kidman contracenar com Robert Downey Jr. é como ver dançar a valsa num jardim nu. Tudo o resto desaparece. Com uma realização belíssima, Fur foi uma descoberta. Desperta pela beleza do poster, abri as mãos ao projecto sereno, calmo, e sincero de Steven Shainberg.

Mais que uma biografia de um dos ícones fotográficos mais enigmáticos do século passado, a ascensão de Diane Arbus, Fur traça o espírito humano, os seus valores, a perdição do desejo e do perigo de uma colheita proibida. Gostei, é sincero.

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