Excision parece-se com o tipo de cinema sem preconceito. O tipo de cinema que não é para uma audiência só, um tipo de cinema que choca também, mas sem estar enclausurado em estereótipos. É todo ele uma vertigem sem sentido, em que se antevêem as ligações humanas quase tão intesamente como o seu final. Defino muito dos filmes que vejo como crús, mas aqui, Excision é senão a literal verdadeira essência do adjectivo.
De queixo caído perante a performance de AnnaLynne McCord. Totalmente macabra e bizarra. Final sem surpresas, ainda assim um desfecho apocalíptico cheio de charme.
Pause on Set
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Womb
Womb é cinema calmo. Daquela calmaria que ganha ânsias, e as cria também. Planos longos, exasperados de lugares que só raras pessoas viveram ou viverão. A compaixão e o infinito, de braço dado como boémios, e do que é humilde no frio de ar que atravessa até o ecrã e nos rodeia como tornados.
Perdi-me, nos últimos anos, do cinema. Infelizmente deixei-me erguer em destroços pessoais e sensaborões que me abalaram o melhor que tinha em mim. Sim, sinto que o cinema me compreende mais do que eu o compreendo eu a ele, pelo menos hoje, e que isso me faz ser uma pessoa mais bonita. O cinema é belo e quando eu o abraço, vejo-o reflectido na minha pele, que então reluz.
E no pouco que hoje relembro do cinema, se Womb não é cinema de autor, é ainda assim cinema com traços pessoais, amargos ainda assim, de quem vê a vida de um prisma maculado, frio, mas muito de si.
Hoje, relembro, sei muito pouco de cinema, e este sendo um blog que o celebra um pouco na minha vida, não deve de todo ser levado demasiado a sério.
Há um mise-en-scene fresco, quase enregelado, no produto de Benedek Fliegauf, uma frescura quase alarmante a tocar o aborrecível, mas ainda assim fresco.
A estranheza das personagens, uma estranheza porém que está ainda assim tão rente ao meu coração, quase como se me precipitasse em desejos de os conhecer, ou de estar sem mais nem menos num precipício de os ter conhecido pela vida toda. Essa clarividência, quase reconhecimento, misto de sinceridade. É estranho, também reconhecer de mim no filme, como se este tivesse sido feito por mim, ainda que nada na minha vida seja sequer semelhante ao que a narrativa conta, tanto em enredo como visualmente.
Womb é assim uma obra em sangue pisado. Cheio de moças que não acalmam. É cinema silencioso, onde as vozes sussurram, não gritam, onde não há desforra. Onde a vida é crua, quase tão crua e nua como na realidade. Tecnicamente é um filme muito ao meu gosto também, os planos abertos, sem segredos, roçam a beleza da composição. Um filme desequilibrado, mas emocionalmente completo.
Continuo a acreditar que o melhor cinema não é para toda a gente.
Perdi-me, nos últimos anos, do cinema. Infelizmente deixei-me erguer em destroços pessoais e sensaborões que me abalaram o melhor que tinha em mim. Sim, sinto que o cinema me compreende mais do que eu o compreendo eu a ele, pelo menos hoje, e que isso me faz ser uma pessoa mais bonita. O cinema é belo e quando eu o abraço, vejo-o reflectido na minha pele, que então reluz.
E no pouco que hoje relembro do cinema, se Womb não é cinema de autor, é ainda assim cinema com traços pessoais, amargos ainda assim, de quem vê a vida de um prisma maculado, frio, mas muito de si.
Hoje, relembro, sei muito pouco de cinema, e este sendo um blog que o celebra um pouco na minha vida, não deve de todo ser levado demasiado a sério.
Há um mise-en-scene fresco, quase enregelado, no produto de Benedek Fliegauf, uma frescura quase alarmante a tocar o aborrecível, mas ainda assim fresco.
A estranheza das personagens, uma estranheza porém que está ainda assim tão rente ao meu coração, quase como se me precipitasse em desejos de os conhecer, ou de estar sem mais nem menos num precipício de os ter conhecido pela vida toda. Essa clarividência, quase reconhecimento, misto de sinceridade. É estranho, também reconhecer de mim no filme, como se este tivesse sido feito por mim, ainda que nada na minha vida seja sequer semelhante ao que a narrativa conta, tanto em enredo como visualmente.
Womb é assim uma obra em sangue pisado. Cheio de moças que não acalmam. É cinema silencioso, onde as vozes sussurram, não gritam, onde não há desforra. Onde a vida é crua, quase tão crua e nua como na realidade. Tecnicamente é um filme muito ao meu gosto também, os planos abertos, sem segredos, roçam a beleza da composição. Um filme desequilibrado, mas emocionalmente completo.
Continuo a acreditar que o melhor cinema não é para toda a gente.
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